sábado, 14 de agosto de 2010

Cozinha Criativa

Olá!
Bom, eu demorei pra aparecer, mas aqui estou! Com algo fresquinho saindo do forno (leiam o texto e vão entender -q)
Tá, nem é tão frequinho assim (fiz no dia 13 de agosto). Mas só agora tive tempo de digitar.
Então... vamo lá!


Cozinha Criativa
Consegue sentir o cheiro? Estou com mais uma idéia queimada no forno.
E antes que você pergunte o que eu fumei ou tente me mandar para o hospício mais próximo, saiba: isso é um texto metalinguístico e metafórico sobre escrever e ter idéias escrito a partir de uma pequena idéia que sobreviveu ao meu forno. Portanto, prepare-se para uma crônica viajada e surreal.
Escrever e/ou imaginar histórias é, a meu ver, muito semelhante a cozinhar. Mas não é apenas cozinhar para sobreviver. O arroz e o feijão não valem nesse território porque equivalem apenas a textos de escola e/ou trabalho, sem qualquer valor literário por mais bem feito que sejam, e a idéias necessárias para viver o dia à dia sem grandes problemas (ou resolvendo problemas). Alguns põem nisso temperos exóticos, maiores quantidades de sabores conhecidos ou invertem a ordem dos pratos. Entretanto no final é sempre o arroz com feijão de sempre.
Cozinhar para essa sobrevivência é preciso, mas falamos não no diário. Escrever (e antes disso, imaginar0 é como você parar em um dia qualquer em que tenha tempo disponível, ir para sua cozinha (que no caso é sua mente), olhar para os ingredientes que você tem, mas nunca usou e decide, do nada, fazer um bolo.
Quis fazer um bolo para você mesmo saborear oras! Porém, vai se matar na cozinha, porque será sua primeira vez e você não faz a MENOR IDÉIA de como se faz um bolo. Com toda a certeza, vai estragar tudo.
Muitos desistem aí porque não viram e não vêem graça em cozinhar só por cozinhar. Vão cortar o bolo duro no formato de solas de sapatos para fazer uma havaianas caseira e jogar fora o que restou dos ingredientes. Não os culpe. Nem todos verão graça em errar da primeira vez.
Outros poucos, porém, vão comer aquele bolo duro, seco e sem gosto com um enorme sorriso de satisfação no rosto. O sabor é PÉSSIMO e até o cozinheiro admite isso.
Mas aquele bolo nojento (aquela sua primeira idéia estranha e mal escrita) é quase como um filho.
Filhos NUNCA são o que seus pais esperam. Os pais que afirmam que os filhos são perfeitos por serem exatamente o que eles queriam, de duas, uma: ou mentem, ou não conhecem os filhos que tem.
O mesmo vale para textos e bolos de primeira viagem: são uma MERDA, mas você os ama mesmo assim. Meu primeiro poema oficial (o que exclui uma certa tentativa de fazer poemas aos nove anos de idade porque eu ainda não apreciava escrever apenas por escrever) ficou uma merda. Tem versos grandes demais, eu perdi uma rima no processo e a idéia é muito tosca.
Apesar disso tudo, até hoje ele é o meu favorito.
Ele mal pode ser chamado de atraente, mas ainda é meu predileto.
Meio que aprendi a usar a cozinha criativa de verdade a partir daí. E não parei de praticar (o poema do outro blog e essa crônica são bons exemplos disso).
Mas digamos que você amou seu primeiro bolo e está louco para fazer outro, mas sabe que ficou quase incomível e quer melhorar.
O que fazer?
Bom, primeiro de tudo, deve-se praticar com o que tem em mãos. Pratique com o basico primeiro. Repita de novo e de novo até não errar no açúcar, por exemplo.
Também é bom correr atrás dos utensílios certos, que no caso são as diversas técnicas de literatura. Porque você pode não ser do tipo de pessoa que faz bolos, mas outros pratos como lasanha ou alguma salada. E por isso, precisa de utensílhos (estilos e técnicas) diferentes talvez até específicas.
O terceiro e quarto fatores na minha metáfora se misturam bastante e tem haver com as receitas e os ingredientes. Na escrita, eles se entrelaçam intimamente, assim como as idéias e as tramas.
No início seus ingredientes (tramas) são limitadas por sua falta de experiência, o que limita suas receitas (idéias). Mas com o tempo, prática e contato com o mundo põe na sua frente receitas novas e novos ingredientes exóticos.
Surgem de diversas maneiras. Você pode se deparar com uma boa receita alheia que de deixou com água na boca, mas que o cozinheiro que a criou colocou algo lá que a estragou por inteiro. Aí você decide que não se pode desperdiça idéia tão boa. Recolhe-se a receita, muda TUDO que precisar e puder mudar (se não vira plágio, e não tem NADA pior do que plágio. Experiência própria), põe no seu forno, assa e voilà! Uma nova receita sua inspirada na outra, só que com o seu jeitinho (volto a repetir: nada de plágio. Isso não é uma apologia ao plágio e sim a pegar uma idéia de alguém e mudar TODA pra se tornar sua. Não é só mudar um ou outro nome. NÃO! É pegar só a idéia e usar pra se inspirar).
Ou ainda, você pode estar andando na rua e uma receita acertar você na cara do nada (tipo aqueles papeizinhos de desenho animado que acertam a cara do personagem principal em um momento propício). Não entenda isso como algo que caiu do céu no seu colo do absoluto nada, mas sim como alguma coisa do seu cotidiano que te trouxe a idéia de conbinar ingredientes que você já tem sem que tivesse combinados daquele jeito e nem posto em banho maria. A receita já estava dentro de você, só faltava um start para ela. Lembro-me de um poema que fiz há algum tempo que o start foi no meio de uma aula de biologia, na qual bastou o prof falar a palavra "hermafrodita" que me veio essa idéia. Pode parecer MUITO estranho, mas até que ele ficou bonitinho (um dia eu posto ele em algum dos blogs).
Há outras formas de evolur na cozinha criativa. Pode ter certeza. Há ainda os sonhos, as adaptações, as releituras, etc. Mas de toda a forma, o mais importante é a prática. Não se nasce um bom escritor.
Torna-se um.
Além do que, a prática nos deixa condicionados para quando uma receita cruzar nosso caminho e tentar furar nosso olho.
Porque imagine que dois cozinheiros criativos, um que toda noite (dia, tarde, sei lá que horário) cozinha algo diferente e outro que ficou esperando ter uma idéia de receita genial e parou de praticar até lá, tiveram ambos uma idéia exelente ao se depararem com morangos maduros e suculentos. O primeiro cozinheiro os comprará, correrá para casa e terá tudo a sua disposição: ingredientes certos para combinar com morangos, batedeira elétrica e uma forma super bonitinha pra enfeitar a torta que ele planejou. Além disso, ele tem prática e não vai deixar a massa ficar dura e nem vai deixar queimar. Ao final de algumas horas, ele terá uma sobremesa atraente e DE-LI-CI-O-SA de morangos. Já o segundo, coitado! Não tem ingredientes, nem utensílios nem habilidades. Vai errar o que deve ser acrescentado, baterá à mão e vai queimar a torta. Depois de DIAS tudo que ele terá será mais um bolo nojento.
A prática leva a ficar um pouquinho mais perto do gostoso (sem duplos sentido por favor). E a gostosura nos leva para a etapa 2 da cozinha critativa: da cozinha para o mundo. Porque é ilógico alguém que escreva alguma coisa (que não seja um diário) ou que cozinhe alguma coisa só para si. Claro, é importante se colocar em primeiro plano na sua vida, mas esse é o tipo de prática que não só fica melhor quando compartilhado, mas como DEVE ser compartilhado.
Para isso, primeiramente arrume um crítico culinário (crítico literário, com perdão à rima. Não resisti) para te ajudar. Não precisa ser alguém versado em cozinha (literatura), mas sim alguém com senso crítico e que faça críticas construtivas. Não alguém que só sirva para aumentar sua auto-estima dizendo "AIN *-* TAH LIN-DO, MIGA! AMEY" nem para detonar com ela falando "uma merda. Desiste". De preferência, pegue algum amigo seu que seja o mais sincero o possível. No meu caso, quem faz isso pra mim é a Lulita, que lê uns 75% do que eu escrevo (ela só não lê 100% porque eu tenho preguiça de digitalizar todos os meus poemas) e corrige a ortografia, coesão, coerência e as próprias idéias (se tiver ficado muito tosco sem razão, eu procuro mudar um pouco). Críticas construtivas fazem os cozinheiros se aprimorarem cada vez mais.
Depois disso, compartilhe com o mundo.
E não me vem com essa viadagem de vergonha! Tudo bem que tem pratos e textos seus que só você vai gostar, mas isso não quer dizer que TODAS as suas idéias/receitas devem ser guardados a sete chaves em uma gaveta!
Socializa porra!
Não estou dizendo que você vai ficar famoso e podre de rico, mas sim que vai servir algumas fatias de seus bolos para as outras pessoas ou publicará suas receitas na internet em blogs toscos (como esse xD). Existe, é claro, a remota possibilidade de fama e fortuna, mas quem só escreve/cozinha com isso em mente vai acabar errando em algum prato ou sem um estilo próprio, passando a cozinhar (escrever) só para agradar os outros.
Ufa! Acho que terminei!
Parabéns para quem leu até aqui. Como prémio, explico agora meu primeiro parágrafo (já aviso que é meio decepcionante).
Tenho vício desde mais ou menos os oito anos que é trocar de idéias muito rápido. Crio, em média, uma idéia nova a cada 5 dias (entre idéias PÉSSIMAS e idéias exelentes. Ninguém acerta sempre), mas troco de idéias a cada 3 (ora são as idéias novas que citei, ora são idéias antigas, mas que recebem um re-make ou que são aperfeiçoadas).
O problema é que ando meio que como se o forno estivesse quebrado. Tive alguma idéias bem legais, mas por algum motivo, elas estão se estragando a toa. Ando perdendo tantas idéias interessantes como areia fina escapa por entre os dedos.
Se você também é um cozinheiro-escritor e nunca passou por isso, estou MORRENDO de inveja de você.
Mas a verdade é: tô sem idéias. Pronto, faley!
Aí resolvi fazer essa crônica (o que não é do meu feitio. Sou mais do tipo que faz poesias ou contos. Raras e toscas são as minhas crônicas) para encorajar alguém que não esteja com problemas no forno a fazer algo e também pela prática, né?
E depois desse discurso todo sobre bolos, estou com uma PUTA fome. Por isso só tenho duas coisas para dizer (em francês, em homenagem à boa comida e aos bons escritores):
Bon appétit e au revoir!

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