terça-feira, 12 de outubro de 2010

Magnólia, que causou a primeira noite.

Oi gente! Então, essa é a parte em que eu deveria pedir desculpas pela demora, mas em vez disso ou vou enrolar vocês e falar do novo layout do blog: Finalmente nós temos um castelinho no Castelinho! E esse é bem exclusivo, foi desenhado à mão e colorido no Photoshop por minha amiga Marii, tá até creditada lá no rodapé do blog! Elogiem, viu <3
Agora, sem mais enrolações, ao conto. Esse é o segundo da série que eu iniciei com Fitzwilliam, e eu o vejo mais como "o capítulo sem sal que é necessário para fazer a transição" ou algo do tipo. Mas ele foi feito com cuidado, e tem o Selo de aprovação da Zoe, que, a propósito, é uma revisora exclusiva, super dedicada ao negócio (é, to jogando na cara pra todo mundo ficar com inveja *-*)!

Magnólia, que causou a primeira noite.

   O bar ainda não tinha um mês, o que significava que ainda havia coisas a serem ajeitadas. Uma dessas era a falta de empregados e era por isso que Magnólia se encontrava levando o lixo para fora naquele momento. O dono do bar era primo de um amigo dela que estava reunindo conhecidos dispostos a ajudar no que pudessem por um pagamento muito baixo. No seu caso, Magnólia era conversadeira demais, o que a tornava muito lenta para atender no caixa ou ser garçonete, e apesar de ser até boa na cozinha, essa já estava lotada. Como boa vontade era algo que não lhe faltava, ela acabou se tornando uma espécie de faz-tudo, passando recados e cumprindo pequenos favores. Como, por exemplo, levar uma caixa de vidros e louças quebrados para junto do lixo que ficava nos fundos do terreno do bar. Sozinha.

   Logo ela percebeu que não foi uma decisão inteligente, porque o chão de terra batida era íngreme e a caixa era pesada demais para ser carregada apenas por ela. Por isso, Magnólia não havia chegado ao meio do caminho quando perdeu o equilíbrio e desabou. Foi uma sorte que ela não tenha caído por cima de todos os cacos, mas ainda assim ela teve cortes nas mãos e nos cotovelos porque os usou para se apoiar. A dor não foi muita, apesar de ter saído sangue o suficiente para que gotas pingassem na terra. Ela sentou no chão e sua primeira providência foi olhar para o bar. Ele ainda estava barulhento e não havia ninguém por perto, sinal de que ninguém viu ou ouviu a sua queda. Magnólia teria que voltar para limpar a ferida e depois arrumaria a bagunça com o vidro e a porcelana. 

   Assim que colocou as mãos no chão em busca de apoio para se levantar, porém, Magnólia sentiu um formigamento nas pontas dos dedos que logo virou uma espécie de choque misturado com dor percorrendo seus braços e culminando numa sensação de aperto no peito, que parecia não ter nada a ver com os ferimentos. Mas alguma coisa dentro dela disse que havia uma ligação entre aquilo e o sangue. E era algo que vinha da terra.

   Magnólia então olhou para baixo no exato segundo em que a terra começou a se abrir. Não como se estivesse se partindo em dois pedaços, mas como se a terra estivesse rachando por ser remexida por baixo. Talvez alguma coisa lá embaixo estivesse cavando em busca de uma saída. Sua curiosidade era mais forte que seu bom senso, então por um tempo ela ficou parada, olhando a terra em movimento até que começou a surgir algo que deveria ser branco, mas estava imundo. Mal saiu da terra, a coisa agarrou seu pulso com uma força surpreendente, e ela compreendeu que se tratava de uma mão. 

   Foi aí que ela ficou apavorada.  

   Magnólia geralmente era uma pessoa que reagia rápido depois de sustos, mas aquela era uma situação extrema demais, e o pavor a deixou numa espécie de choque: sua voz não saía e ela não conseguia fazer suas pernas se mexerem para fugir, e quando ela conseguiu recuperar a capacidade de se mover a coisa já tinha saído totalmente do solo – e partido para cima dela. 

   Ele fez Magnólia cair batendo as costas no chão, ainda agarrando o seu pulso com uma das mãos e colocando a outra sobre sua boca, e ela por sua vez fez a única coisa que ela conseguia no momento: espernear e estapear. Não adiantava, claro, mas pelo menos ela estava fazendo alguma coisa, o que parecia melhor do que esperar a morte deitada. Aconteceu que, em uma dessas tentativas, sua mão foi de encontro ao rosto dele. Sua palma, ainda sangrando, acabou entrando em contato com o que, a julgar pela textura e umidade, eram seus lábios.

   Três coisas então ocorreram, uma em conseqüência da outra e em uma fração de tempo mínima: Um pouco de sangue que escorria de sua palma entrou em contato com a boca da criatura cujo corpo todo ficou tenso, e seus olhos, que até então estavam fechados, finalmente abriram arregalados. Por acaso eles eram de um castanho muito bonito.

   Em seguida Magnólia teve a sensação de que perdera os momentos seguintes – ou isso, ou ele era muito rápido-, porque a próxima coisa que viu foi o seu atacante a uns bons metros de distância, o que teria sido uma boa chance para fugir ou pedir ajuda. Mas ele, que antes quase a matara, agora parecia não mais do que um animalzinho assustado e Magnólia se pegou engatinhando para perto, tentando dar uma boa olhada nele. 

   Parecia completamente humano e era um homem. De fato, ela ficou surpresa em notar que já estava o identificando como um “ele”. Ele usava roupas, mas estas já estavam tão gastas e manchadas de terra e sangue – será que ela estava sendo paranóica ao pensar em sangue tão facilmente? – que se tornava impossível distinguir outra coisa. Seus cabelos estavam completamente empoeirados, formando uma massa disforme ao redor de sua cabeça, mas a pele, mesmo tão encardida quanto o resto dele, parecia extremamente branca.

   Ele sacudiu os ombros, tossiu bastante, praguejou (embora Magnólia não tivesse entendido a palavra, ele obviamente tinha praguejado) e cuspiu no chão. Depois sumiu de vista antes que ela pudesse checar se ele usava sapatos ou não. 

   Foi como se a aparição daquele ser tivesse criado um feitiço que os isolasse do resto do mundo, porque assim que ele foi embora avistaram Magnólia do bar. Ela ouviu gritarem seu nome e logo estava cercada por pelo menos cinco pessoas. Quando perceberam que ela estava sangrando, gritaram mais e vieram mais duas. No meio de um grupo de gente perguntando por ela enquanto deviam estar ajudando na cozinha ou com os clientes, Magnólia levantou e convenceu a todos de que estava bem. Riu de si mesma, se chamou de tonta por ter tentado levar a caixa para fora sozinha, garantiu que não estava tão machucada e apenas quando chegou à cozinha aceitou ajuda para limpar o sangue, para depois insistir em voltar a ajudar a todos. Ela se saiu tão bem que todos se tranqüilizaram, e ela mesma quase se convenceu de que não havia acontecido nada demais – mas sempre esteve certa que não havia imaginado absolutamente nada naquela noite.

   E por quatro meses a sua vida correu como se, realmente, Magnólia nunca tivesse sido atacada por uma pessoa que saiu do chão. 
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Eis aqui a terceira personagem que eu prometi a vocês: Magnólia! Quem ela é e porque eu disse que ela estava indiretamente em Fitzwilliam é algo que, se vocês ainda não descobriram, eu mostrarei na terceira noite dessa série que eu to postando mas não tem nem nome (alguém quer me dar sugestões nos comentários?)!

Beijos amores, até a próxima!

4 comentários:

  1. Mon! Finalmente essa história da qual so tive paragrafos por aulas e aulas saiu do forno!

    Muito legal, como eu já havia dito... E eu sei qual a ligaçã-ão lalala!!

    As aulas não são mais tão inutilmente produtivas sem você ._.

    =*

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  2. Nome? Noites rubras. =)

    (não me bata, foi a primeira coisa que me ocorreu, heh).

    Ligação? Ligação? Qual é? Poste logo a próxima òÓ

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  3. AI, AMEI A MAGNÓLIA!

    Eu teria corrido desesperadamente. Se ele me agarrasse, eu iria berrar. Se eu visse seus olhos, iria me apaixonar. Quando ele saísse correndo, iria me sentir vazia.

    AI, COMO SOU ESTRANHA.

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